13 setembro, 2008
Caixa.
Ela chegou em casa exausta da escola, tinha sido um longo dia. Colocou suas coisas em seu devido lugar - lembre-se, ela não pode vacilar! - e entrou na cozinha, para rapidamente preparar o almoço que serviria à sua família em exatamente meia hora. Ela precisava correr. Mas assim que botou seus corridos pés na cozinha, a garota se deparou com uma pequena caixa, com um bilhete em cima. ''Um presente, filha" Era breve assim.
Desconfiada, a garota abriu lentamente aquela caixa preta. Só então entendeu o porque do dinheiro gasto. Na caixa continham alguns grãos de café, um adoçante e uma xícara, uma nova xícara.
A mãe não queria impressionar a filha, fazendo-lhe um agrado; mas queria café, e dos bons.
05 setembro, 2008
Carta.
Sozinha em seu quarto a menina do café escrevia uma carta. A carta trazia em si sentimentos bons e ruins. Amor, paixão, carinho e afeto eram os sentimentos mais belos escritos. Mas a saudade, a tristeza, a solidão e a angústia trouxeram uma nuvem negra para a bela carta.
"O amor que sinto por vocês não pode suportar a dor e a saudade de tê-las sorrindo novamente. A paixão que sinto era tamanha, que preferiu se sacrificar ao ver que eu trazia a maior angústia para vocês."
Algumas palavras ao vento, breves palavras, belas palavras.. Palavras sinceras, com sentimentos grandiosos. A carta trazia mais do que isso.. trazia sofrimento. Sofrimento de uma garota jovem, que nunca soube o que era viver. Sofrimento da garota que sempre serviu apenas para servir café.
A carta trazia mais um trecho interessante, que dizia algo chocante:
"A dor que insiste em residir em meu peito não me fará mais mal algum. A dor que eu insistia em causar em vocês também não. Eu não sabia o quão mal era à suas vidas, mas agora, por amor à vocês, a minha se encerra aqui. Espero vocês em algum lugar na imensidão azul. Agora prometo não ser imprestável."
E assim tudo acabou. Um corpo estendido no chão, uma carta em cima - com manchas vermelhas do sangue que escorria de sua cabeça - e uma xícara de café ao lado.
"O amor que sinto por vocês não pode suportar a dor e a saudade de tê-las sorrindo novamente. A paixão que sinto era tamanha, que preferiu se sacrificar ao ver que eu trazia a maior angústia para vocês."
Algumas palavras ao vento, breves palavras, belas palavras.. Palavras sinceras, com sentimentos grandiosos. A carta trazia mais do que isso.. trazia sofrimento. Sofrimento de uma garota jovem, que nunca soube o que era viver. Sofrimento da garota que sempre serviu apenas para servir café.
A carta trazia mais um trecho interessante, que dizia algo chocante:
"A dor que insiste em residir em meu peito não me fará mais mal algum. A dor que eu insistia em causar em vocês também não. Eu não sabia o quão mal era à suas vidas, mas agora, por amor à vocês, a minha se encerra aqui. Espero vocês em algum lugar na imensidão azul. Agora prometo não ser imprestável."
E assim tudo acabou. Um corpo estendido no chão, uma carta em cima - com manchas vermelhas do sangue que escorria de sua cabeça - e uma xícara de café ao lado.
04 setembro, 2008
Arrumar os pratos.
'Os pratos são com as flores viradas para a parede, as talheres azuis tem que combinar e pertencem à mamãe. O copo do Bob Esponja é da irmã, o copo chinês é da mamãe e eu não posso esquecer os guardanapos de papel'
Ela não podia esquecer a ordem, não podia esquecer os detalhes. Tudo tinha que sair perfeito, sempre. Sua mãe chegava, olhava o copo chinês e dizia que preferia o japonês, olhava as flores dos pratos viradas para a parede e dizia que preferia-as viradas para a porta. Jogava tudo no chão e não comia sequer um grão.
A garota do café recolhia a comida e os cacos de vidro jogados ao chão todos os dias. Jogava cada coisa em seu devido local, tudo perfeitamente. Vidros enrolados em papéis, jogados em sacolas separadas. Comidas no lixo orgânico, papéis no lixo azul.. Cada detalhe era meramente importante à garota. Ela não sabia o que podia acontecer se ela não fizesse a coisa certa, e tinha um proufundo medo de fazer a coisa errada.
Certa vez a garota aproveitou que estava sozinha e ligou a TV, no programa de mais opibe daquele canal: Novela! A trama dizia algo sobre uma menina que sofria em sua casa, e que deixou todo aquele sofrimento de lado para seguir um sonho: ser modelo. A garota do café, inspirada em sua mais nova diva, fez algo inacreditável. Naquela noite ela não arrumou a mesa da janta, e simplesmente foi dormir.
- Ninguém come mesmo, não vai fazer diferença. - Ela disse para si mesma.
Antes de se deitar a garota abriu a caixinha que alertava 'Medicine' e pegou alguns comprimidos brancos, vermelhos, azuis e vermelhos. Colocou todos em sua garganta e engoliu a seco.
Sua mãe chegou em casa, viu a mesa sem os pratos, sem comida. Os detalhes que sempre estavam ali, perfeitos, não estavam mais. A mãe, furiosa, não quis saber de sua filha naquela noite. Por mais que ela fosse ruim daquele modo, ela amava sua filha. Na manhã seguinte a mãe foi acordar sua filha. Mecheu, revirou e arrancou as cobertas da menina, mas ela estava pálida, gelada.. seus olhos não abriam, ela não se mechia. Nem respirava. Os remédios surtiram efeito. Seu sonho se realizou. Naquela manhã a menina do café não acordou.
Ela não podia esquecer a ordem, não podia esquecer os detalhes. Tudo tinha que sair perfeito, sempre. Sua mãe chegava, olhava o copo chinês e dizia que preferia o japonês, olhava as flores dos pratos viradas para a parede e dizia que preferia-as viradas para a porta. Jogava tudo no chão e não comia sequer um grão.
A garota do café recolhia a comida e os cacos de vidro jogados ao chão todos os dias. Jogava cada coisa em seu devido local, tudo perfeitamente. Vidros enrolados em papéis, jogados em sacolas separadas. Comidas no lixo orgânico, papéis no lixo azul.. Cada detalhe era meramente importante à garota. Ela não sabia o que podia acontecer se ela não fizesse a coisa certa, e tinha um proufundo medo de fazer a coisa errada.
Certa vez a garota aproveitou que estava sozinha e ligou a TV, no programa de mais opibe daquele canal: Novela! A trama dizia algo sobre uma menina que sofria em sua casa, e que deixou todo aquele sofrimento de lado para seguir um sonho: ser modelo. A garota do café, inspirada em sua mais nova diva, fez algo inacreditável. Naquela noite ela não arrumou a mesa da janta, e simplesmente foi dormir.
- Ninguém come mesmo, não vai fazer diferença. - Ela disse para si mesma.
Antes de se deitar a garota abriu a caixinha que alertava 'Medicine' e pegou alguns comprimidos brancos, vermelhos, azuis e vermelhos. Colocou todos em sua garganta e engoliu a seco.
Sua mãe chegou em casa, viu a mesa sem os pratos, sem comida. Os detalhes que sempre estavam ali, perfeitos, não estavam mais. A mãe, furiosa, não quis saber de sua filha naquela noite. Por mais que ela fosse ruim daquele modo, ela amava sua filha. Na manhã seguinte a mãe foi acordar sua filha. Mecheu, revirou e arrancou as cobertas da menina, mas ela estava pálida, gelada.. seus olhos não abriam, ela não se mechia. Nem respirava. Os remédios surtiram efeito. Seu sonho se realizou. Naquela manhã a menina do café não acordou.
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